Tema 012 - LÁ FORA
BIOGRAFIA
LÁ FORA
Pedro Feitosa

Sempre que um dos “guris” se torna um rapaz e as gurias moça, meu avô lhe dá um instrumento musical, já virou uma tradição da família.Quando meu tio atingiu a maturidade ganhou do meu avô uma gaita pra tocar músicas gaúchas. Pra infelicidade do meu avô, ele aprendeu nada e tão pouco se interessou pela arte.

Depois foi a vez da minha mãe, mais prevenido, colocou-a primeiro na aula de piano; não preciso dizer que não adiantou nada. Ela, muito rebelde, fugia das aulas e ia pra praça fazer sabe se lá o quê. Seguindo o rito, chegou minha vez: comecei a fazer aulas de piano, no começo foi difícil pra todos, pois não agüentavam mais ouvir aquelas melodias enjoadas de quem está começando a tocar. Com o tempo fui melhorando, conseqüentemente tocando músicas mais “audíveis”. Quando completei meus quinze anos ganhei o meu tão sonhado teclado. Claro que do meu avô. Pra mim dos melhores presentes que já ganhei.

Vamos à história: tudo começou com uma surpresa que meu avô gostaria de fazer ao meu irmão. Ele, seguindo a tradição criada por ele, iria dar a meu irmão uma bateria. Depois da compra efetuada, meu tio e eu tentamos montar a bendita, para quando ele (meu irmão, é claro)chegasse pudesse tocá-la. Porém não foi tão fácil assim.

Quando abrimos a caixa nos deparamos com várias peças de tamanhos e finalidades diferentes - não sei se você já viu uma bateria nova desmontada, tem tantos parafusos que faltam buracos para colocá-los (sem conotação sexual, por favor) – assim começou o meu drama. Após várias tentativas frustradas desistimos. Foi quando encontramos um defeito em um dos bumbos (sei lá como se chama essa parte).O pior estava por vir.

Fomos levar o instrumento à loja onde havíamos comprado com a finalidade de trocá-lo. A loja ficava dentro do shopping.Meu tio, devido a sua pressa (ou para não pagar estacionamento), deixou o carro estacionado em frente ao shopping, detalhe: era proibido estacionar naquele local. Mesmo assim ele saiu do carro e entrou no shopping, eu permaneci no carro com a bateria, me preparando pro pior.

Nos primeiros minutos não aconteceu nada, o trânsito fluía normalmente, os pedestres transitavam sem nenhum problema, enfim, tudo “ as mil maravilhas”.

Até que um dos seguranças do shopping bateu no meu lado da porta dizendo para eu retirar o carro dali. Eu prontamente respondi que meu tio já viria, mas ele não compreendeu falando um palavrão. Aqui faço uma pequena observação à classe dos seguranças de shopping, já perceberam que esses caras sempre andam de mau humor? E pior, vivem inventado regras e leis, é proibido isso, é contra as regras do shopping aquilo... Acho que eles se divertem fazendo isso (salvo algumas exceções).

Continuando: meio nervoso com o que estava acontecendo resolvi retirar o carro daquele local e estacioná-lo num local permitido. Porém fui surpreendido por um policial (não preciso nem fazer comentários desse cidadão da lei, todos já sabem com eles agem), me “pedindo” pra retirar o carro dali. De novo expliquei a situação a ele, dizendo que já estava tirando o carro daquele local. E assim permaneceram os dois cidadãos ao lado do carro esperando que eu o retirasse dali.

Eu não quis comentar, mas não tirei a carteira de motorista e sou péssimo em direção, mas na hora fiz valer minha coragem. Virei a chave e arranquei.

O pior aconteceu, subi no cordão da calçada. Não atropelei ninguém, mas o hidrante não se salvou. Jatos de água pra todo lado. A confusão recém estava começando.

Com a colisão, o porta-malas do carro abriu, derrubando na avenida parafusos, e demais peças. Não faltava mais nada pra acontecer. Depois percebi que sim, o alarme do carro soou, dando um clima cinematográfico à tragédia. Segundo depois, uma multidão de curiosos estava a minha volta. Odeio esses pedestres que param pra observar, ou até mesmo rir da tragédia alheia, ainda mais quando faço parte dela. O pior é que sempre tem algum conhecido no meio desse bando de urubus.

O trânsito parou. As buzinas começaram a soar. Um verdadeiro caos, provocado por mim.

Logo comecei a juntar as peças do instrumento, alguns transeuntes me ajudaram.

O meu tio foi chamado no auto falante do shopping, o locutor disse que houvera um acidente no lado de fora do shopping e pronunciou bem alto o meu nome.

Depois de, digamos, conversar com policial me ajudou a juntar o restos das peças.

Com um bom papo conseguimos trocar a bateria,branca.

Pra minha sorte, minha prima optou por ganhar um violino.

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