Tema 013 - CARNAVAL
BIOGRAFIA
FANTASIA
Rosi Luna

Não sei se fantasia a gente veste ou a gente inventa. Sempre penso que fantasia é um empurrãozinho na vontade daquilo que a gente gostaria que acontecesse de inusitado na vida. Que chegasse assim de repente e que fosse aquele momento único de liberação de um desejo escondido a sete chaves, lá no nosso coração.

Como descrever a fantasia da fantasia. Talvez ela fosse revestida de pensamentos, com acabamento de sonhos e costurada com desejos amorosos e teria o brilho da imaginação.

Se fosse pensar em fantasia de Carnaval diria que é colorida, é leve como uma pluma, tem calor e parece uma dança sensual pulsando frenéticamente. É uma fantasia que tem ritmo e tem a proporção perfeita pra fazer a cabeça só pensar em devaneios. E no carnaval com aquela alegria toda, fica fácil achar uma fantasia de bailarina pelo chão e um corpo suado dançando com a multidão.

Fantasia é algo tão surrealista que às vezes você jura que aconteceu e tudo não passou de imaginação fértil. Pensar na fantasia é como ter um martelinho na cabeça, a cada hora ele fica lá dando aquelas batidinhas e realçando as vontades, deixando você louco de prazer e desejo.

Tem horas que a fantasia fica meio chateada, de estar sempre vestida de utopia e teima em sair vestida de rebeldia, pra virar atitude algum dia.

E como seria falar de fantasia de amor? Seria dizer que você sente falta de algo que não aconteceu, que você se destrói de amores por uma pessoa que nunca existiu, que você deseja ardentemente alguém que nunca tocou. Que você fantasiou dizer todas as palavras certas para conquistá-lo, mas que faltou coragem e oportunidade. Poderia dizer que por aquela fantasia você perderia até o tino e mudaria seu destino.

E que fantasia é essa, que faz com que uma pessoa viva tão intensamente na sua cabeça e que por ela você se jogaria de corpo e alma. Mais alma, que é o que move a fantasia.

Mas fantasia é algo tão confuso, que é como o pensamento popular "é tudo tão sem pé e sem cabeça". A gente nunca sabe se a fantasia começa nos pés ou na cabeça. Mas fantasia que se preza ama de corpo inteiro, e sobretudo ama a cabeça. Quanto mais fantasiosa melhor.

Existe fantasia triste. É aquela das coisas inatingíveis, sonhar com pedaço de lua na mão, em colher pedras em Júpiter, em querer nadar na cachoeira, em amar pessoa distante que não dá bola. Nessa fantasia não é recomendável pensar, pois ela só vai machucar.

A fantasia é como uma chama, vai queimando por dentro e quando ela se realiza é como um incêndio dos corpos apaixonados. E não tem bombeiro que apague tanto fogo. É um calor tão intenso, que dura enquanto houver imaginação para os jogos da sedução.

Pensando melhor na fantasia, chego a essa conclusão.

- A gente veste o que a gente inventa.

E se você tiver inventado uma bela fantasia pode ter certeza que ela vai vestir como uma luva.

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