* Maria Clara Dois atravessou a rua, olhou para Mário, tropeçou no meio fio, caiu, sentiu uma dor dilacerante e achou que tinha quebrado a perna.

* Maria Clara Três atravessou a rua, não olhou para Mário. Por causa disso, colidiram violentamente. Ele quebrou os óculos, ela misturou seus papéis e discutiram asperamente sobre o ocorrido.

* Maria Clara Quatro atravessou a rua, olhou para Mário sem ver e continuou seu caminho pensando em Alfredo e na noite maravilhosa que tiveram.

* Maria Clara Um ficou com as pernas bambas, o coração desafinou e quando Mário dobrou a esquina, foi atrás dele inexoravelmente.

* Maria Clara Dois ficou sofrendo na calçada. Por sorte, Mário era médico e pôde constatar que ela sofrera apenas uma luxação.

* Maria Clara Três se irritou cada vez mais com a forma grosseira com que Mário tentava culpa-la pela trombada, sem nem ao menos se desculpar por ter misturado irremediavelmente seus papéis e estragado seu dia.

* Maria Clara Quatro seguiu pela avenida movimentada, o coração repleto de saudade de uma noite encantada.

* Maria Clara Um descobriu onde Mário trabalhava, pegou seu telefone, se tornou sua amante eventual.

* Maria Clara Dois foi levada de carro pra casa. Mário pegou seu telefone, se apaixonou por ela, mandou flores e bombons todos os dias da semana. Casaram em dois meses e foram infelizes para sempre.

* Maria Clara Três pensou em processo. Mário pensou em arsênico. Os dois perderam o ônibus e a paciência. Maria Clara foi despedida. Mário pegou uma úlcera.

* Maria Clara Quatro nunca mais viu Mário na vida. Mas Alfredo quebrou seu coração.

* Maria Clara Cinco não atravessou a rua, ficou em casa pensando na vida e não viveu.