NA BEIRA DA PRAIA, À NOITE
Felipe Lenharth
 
 

Na beira da praia, à noite, o mundo gira, dá voltas e tropeça aos descompassos. Na beira da praia, à noite, as estrelas se precipitam no mar - deixando um traço de felicidade no céu e no rosto da pessoa que gostamos -, ou se afogam na escuridão e ninguém se dá conta. (Chego a pensar que a tal estrela dá mais alegria à pessoa amada do que eu mesmo dou, mas, por se tratar de uma reles estrela, que não tem um ego do tamanho do meu, que não tem nem sequer esse meu sorriso, faço de conta que não é nada.) Na beira duma bela praia, praia distante, praia isolada, vazia, e sempre à noite, há estrelas que caem e vida que gira, há ondas que quebram e sombras que voam, que passam por aqui, sobre nossas cabeças, que desenham na areia, há siris que trotam de lado, há suspiros e água gelada, que ora alivia, ora incendeia. À noite, numa praia deserta, ficamos bobos, como crianças, pois estamos em casa, e somos observados, de perto, mais de perto do que em qualquer outro lugar, pela Lua, que sorri, que está aqui em cima, ali. Lá.

 
 
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