O GRITO QUE SE CALA
Ivone Carvalho
 
 

O coração dói, a alma chora, o rosto se contrai, o sorriso desaparece.

Um nó sufocante invade o peito, não sei se a vontade maior é gritar ou calar.

Os olhos ardem, a pele esfria, os lábios secam, as forças somem, o corpo esmorece, a boca engole palavras que não podem ser ditas.

O cérebro não coordena os pensamentos, a mente fenece.

O grito se cala, o corpo se embala, a cabeça tonteia,

O reflexo some, a lágrima rola.

O peito se molha, a dor aumenta, o grito sufoca, a saliva seca e outra lágrima rola....

A cabeça aperta, o corpo se contrai, os olhos quase fecham e a visão se esvai.

O escuro é mais seguro, ninguém precisa ver,

Mais uma lágrima que rola...

Pensamentos misturados, o coração mais apertado, solta o grito sufocado, sem palavras, só molhado, formando lágrimas que rolam.

Lágrimas que ora despencam sobre a face.

Tempestade temporal, tentando aliviar a dor, de uma alma tão sofrida, que parece perder a vida, quando sente a despedida.

E libera com destreza, como arma de defesa, todas as lágrimas possíveis, todo choro tão guardado, tudo que foi reservado, e agora é transformado, em lágrimas de amor.
 
 
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