DEPRESSÃO
Cristina Von

Andava deprimida desde dezembro. Coisa de balanço de troca de ano.

Entre débitos e créditos sobraram contas a pagar, sonhos atrasados e promessas sem fim.

Lá pelo dia 20 de janeiro decidi que era hora de tomar uma providência antes de partir para um Prozac ou de mudar para uma praia qualquer.

Fui procurar uma analista. Não uma analista de sistemas. Uma terapeuta mesmo, dessas que sentam em confortáveis poltronas e te analisam por trás dos óculos redondos.

No primeiro dia despenquei minhas crises existenciais. Estava ali para isso. Como o tempo foi insuficiente para tantos anos de acúmulo, ficamos de continuar no dia seguinte.

Na segunda sessão ganhei mais 15 minutos para tentar aliviar minha angústia. Nos outros 45 ouvi as normas da casa: "você não deve desmarcar horários, deve ser pontual, deve pagar em dia, deve começar com 3 vezes por semana". E no final, o golpe fatal: "eu cobro 140 reais a hora".

Não sou boa em contas, mas quando cheguei em casa fiz um esforço matemático para entender quanto custa ficar bem: 1680 reais por mês.

Haja alta estima! (Não minha... Dela!)

Corajosa, compareci à terceira sessão e fui logo dizendo:

- Vou desistir. Não tenho dinheiro. Sou uma escritora pobre.

A resposta, além da tradicional "fuga dos problemas" foi:

- Mas eu supus que você já soubesse quanto custa uma análise; supus que pudesse pagar; supus que tivesse dinheiro...

Falsas suposições.

Agora tenho que continuar resolvendo tudo sozinha. Além de deprimida, um pouco mais pobre.

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