SUPONHA
Rodrigo Contrera

Suponha que um dia você acorda e sem motivo quer ler um texto qualquer nos Anjos de Prata.

Supondo que você tenha internet, de repente você se defronta face um texto - qualquer, afinal - que te leva a pensar "o que estou fazendo aqui, parado, enquanto meu dinheiro evapora no banco".

Suponha então que você desliga o micro e se mete a tentar tornar realidade alguns dos sonhos exóticos que você alimenta há muito. Suponha que dentro esses sonhos esteja, voilá!, escrever nos Anjos de Prata.

Supondo que apesar da tv você ainda saiba pensar, e que apesar do Big Brother você tenha uma vida privada e não precise puxar a descarga para sabê-lo, de repente você cria um texto fantástico, publicado direto no Anjos e com direito a entrevista no Jô.

Suponha então que você, já famoso e paparicado por todas, resolve fingir que não é com você e se torna um prestigiado professor de literatura, com direito a salvo conduto nesse ninho de cobras chamado mercado editorial brasileiro.

Suponha que você se mete então a revelar novos autores e que uma ampla garotada animada passa a tornar os seus dias mais vivos a ponto de fazê-lo sentir-se mais jovem. Suponha seu filho no grupo, vencendo por conta própria.

Suponha então que prestes a passar desta para melhor você subitamente acorda e percebe que este texto é a mais rematada ficção.

Resta apenas supor. Pois, afinal, todo texto é um sonho.

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