QUARTA-FEIRA
Lilian Souza

Acordei cedo, disposta para mais um dia de trabalho (apesar de não conhecer ninguém que prefira trabalhar a curtir um dia ensolarado descansando), tomei um banho refrescante, coloquei uma roupa legal e fui à luta.

Quarta-feira, meio da semana, e isso pode querer dizer duas coisas: Perto do começo da semana ou perto do fim. Sabe aquela história de copo meio cheio ou meio vazio?

Logo, uma música que eu adorava no rádio me distraiu e eu não pensei mais nisso. Cheguei ao trabalho, cumprimentei alguns colegas e logo notei que um deles estava abatido, parecia mal-humorado. Perguntei a ele se ele estava bem, e logo ele me respondeu dizendo que estava cansado, que ainda estávamos na quarta-feira, que trabalhar era muito chato, que oito horas de expediente era muito...

Bom, não deu para consolar muito, se não existe um problema, não pode haver uma solução. Trabalhar todo mundo trabalha, de forma ou de outra, mais ou menos tempo, com esforço ou com desânimo. O que dizer? Desvencilhei-me dele pois sentia que se continuasse a ouvir idéias como as suas, corria um grande risco de ter um dia como o dele.

Logo, outro colega veio em minha direção para cumprimentar-me. Que diferença! Sorria e parecia bem, falava com entusiasmo, e terminou nossa conversa dizendo que já estávamos na quarta-feira, e que as semanas estavam passando rápido.

Essas duas situações tão opostas me deram o que pensar o resto do dia, e resolvi não só pensar, mas também observar como se comportavam os meus dois colegas.

Notei que ao longo do dia, enquanto um levava tudo de forma leve, fazia piadas, conversava com as pessoas em volta, ou seja, estimulava um ambiente de paz ao seu redor, o outro ficava em sua mesa, encolhido, isolado, nem mesmo percebia o que acontecia ao seu redor, não percebeu que o dia estava ensolarado, que um colega fazia piadas engraçadas, e que aquele dia era mais um de sua existência infinita, um grão de areia apenas, mas com pequenos grãos se faz um deserto, e se esse deserto for de grãos tristes, sua vida poder ser triste e cansativa.

Percebi que quando as pessoas acordam de manhã, elas têm duas escolhas: ter um bom dia, sentindo que a vida é uma bênção, que os problemas são passageiros, que você pode fazer o melhor possível, ou ficar reclamando de tudo, fazer das menores coisas grandes problemas, levar a vida sem gosto, sem cor, sem sentido.

E escolhi a primeira opção!

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