QUARTA-FEIRA 13
Paulo Henrique Pampolin

Antes de mais nada, quarta-feira nãoé um dia interessante. Insípido, inodoro e incolor, esse dia não quer dizer nada.

Nem é dia interessante, como sexta que é início do final de semana, nem é chato como segunda, início das atividades. É um dia neutro demais, não se vê expressões de ressaca de quem bebeu o final de semana todo, nem se vê ninguém planejando festa alguma, como acontece na sexta.

Pior de tudo, é meu dia de rodízio. Ou saiu às 6 da madrugada, ainda dormindo, ou às 10 da manhã e tenho que encarar o chefe de cara feia. De ônibus, me recuso. Verdade! Pago meus impostos em dia, os donos do poder se esquecem de construir metrê e eu pago por isso?

Na verdade, não tenho um bom retrospecto das quartas-feiras.

Veja bem, numa quarta morreu Kurt Cobain. Também perdemos numa quarta o grande Ian Curtis, poeta e cantor do Joy Division.

Numa quarta, o Palmeiras perdeu o título da Libertadores para o Boca Juniors.

Se você ver o retrospecto das duas últimas quartas-feiras nos jornais, as matérias de capa são tragédias.

Na penúltima, 30 de janeiro, a manchete principal dos jornais era: "Perdido, homem é assassinado em favela de São Paulo'.

Na última, 6 de fevereiro, podíamos ler na primeira página: "Helicóptero da PM é baleado por policial".

E hoje, caro leitor, não é uma quarta qualquer, é uma quarta-feira 13. Sinistra, soturna, pós carnaval, é tudo só cinza. Sabe qual é a manchete dos jornais? "Gaviões da Fiel é a campeã do Carnaval em São Paulo".

Te pergunto, dá para um palmeirense como eu ser feliz desse jeito?

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