CASTELO DE SONHOS
Alice

Misaki, analisava a lista dos 1.200 pretendentes a sua mão de princesa. Dos três mil nomes listados, o palácio já havia eliminado 1.800. Por que não eliminar todos e deixá-la escolher seu esposo? Pensava ela em desespero. Já se aproximava o ano em que deveria apresentar a sociedade o noivo, mais alguns meses e seria lançada a sorte ou o azar em sua vida de solteira, destruindo assim seus sonhos.A idade de casar chegara, agora era esperar que o palácio aprovasse o candidato. Nada podia fazer, eram regras mantidas há séculos, de geração a geração.

Lamentava não ter um irmão, só assim poderia escolher seu destino, e essa regra seria aplicada a ele. Mesmo assim talvez sofresse do mesmo modo, pois não suportaria ver alguém passar por isso sem sentir profundamente.

Olhou para a montanha de pastas, já sabia de cor o que tinha nelas, tudo sobre intelectuais da mais fina estirpe. Pediu licença e se retirou.

Foi para seus aposentos, queria pensar nele, o homem que a faria feliz, seu rosto não figurava nas pastas. Ela ainda podia sentir o perfume, o hálito quente dele, a respiração, o suor das mãos que chegou a molhar sua delicada luva. Foi uma noite de sonho. Há um ano atrás havia conhecido um jovem, por ocasião de uma festa oferecida a Família Imperial por amigos.

Dançaram, conversaram. Ele havia se aproximado muito, percebeu pelos olhares que lhe lançaram, que não era aprovado aquele gesto do moço.

Mas ela amou, era com um homem assim que queria casar-se.

Tentara subornar seu tutor para que incluísse aquele nome na lista, mas ele dissera que nem sequer fora cogitado para entrar nela.

- Esse homem não preenche nenhum requisito. Havia dito com secura. 

Ela estava triste, nada podia fazer sem as devidas aprovações, sua vida era sonhar, vagar pelas alamedas floridas do palácio, pensando em como seria bom viver livre.

Em pleno século vinte, ela se sentia uma princesa dos tempos em que o Império exercia poder na Terra do Sol Nascente. Presa a regras que o povo comum aboliu de suas vidas. Por que manter essa adoração? Não gostava da peregrinação do povo pelos jardins, esperando a hora da aparição deles por alguns minutos na janela, dos rituais que eram obrigados a cumprir. Não gostava de ver suas fotos nos jornais e revistas. Resignava-se porém por ser filha única e porque seus pais, os Imperadores, tinham confiança de que ela daria continuação aos rituais, e ela já tinha firmado o compromisso de passar adiante a lenda viva da Família Imperial. Era seu dever e cumpriria, fazendo todos os sacrifícios, mas queria casar-se por amor e por escolha própria. 

- Ah! se pudesse... escolher aquele homem que me povoa os sonhos, que me acariciou os cabelos por um segundo, sem medo de ser repreendido. Gemia ela em seu leito de princesa.

No dia seguinte, resolveu que incluiria aquele nome e que ele seria escolhido. Um dia seria a Imperatriz-mãe, portanto começaria já a experimentar dar ordens e esperar ser pelo menos ouvida.

Ficou um dia inteiro conversando com os assessores do palácio, no fim do dia já estava com a pasta de Okuda Tomoriro nas mãos.

Na verdade ele tinha sido o mais cotado, mas na festa anterior, tinham-no notado com maus modos para com a princesa e o excluíram. Dissera um deles de ar arrogante. Ela não se intimidou, venceu a batalha, abriu-se uma gaveta e a pasta apareceu. Misaki ficou radiante, parecia um sonho, mas tinha de esperar uma semana, para a aprovação final, não podiam admitir que ela escolhesse, a palavra final era deles, mesmo sabendo que estava resolvido. Okuda Tomoriro era um famoso Diplomata. No mesmo dia foi comunicado de que estava na lista dos pretendentes. Ficou mudo, cumprimentou cerimoniosamente o assessor numa curvatura, este saiu logo depois, Okuda ficou só, a mulher que lhe tirava o sono, a estrela intocável, que ele admirava no céu, poderia ser sua, teria que esperar, ainda poderia não ser ele, esperaria o anúncio oficial. Um mês depois ele era escolhido o noivo oficial da princesa. Ela pelo seu lado descobrira que ele era um excelente filho e um ótimo irmão. Órfão de pai, havia cuidado da família com esmero e dedicação.

Agora era esperar o dia do casamento, descobrir os segredos íntimos do bem amado e mostrá-lo que seria uma ótima esposa.

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