DOBRANDO O JOELHO
Reinaldo de Morais Filho

Erra uma vez quem cai de mau jeito, com as costas na pedra, com o cotovelo arranhado, com o queixo perdido no tempo e no espaço.

Contudo, apoiados na facilidade do ser humano de se adaptar às dificuldades, alguns fazem do infortúnio aprendizagem. Dobram o joelho na hora do choque, buscam o equilíbrio no instante da queda.

E insistem no erro, erram duas vezes, três, e mais. E a cada vez, engolem o choro com maior prazer, saboreando gota por gota as lágrimas que se esparramam em seus lábios. Depois de várias tentativas, já nem dói.

Enganam-se, como um homem que se deixa levar por palavras meigas, pelo carinho e dedicação exclusiva de uma mulher apaixonada. Pois a paixão sempre acaba, estampada nos olhos.

Este homem evita encarar a prova quando finda a paixão, ocultando as evidências com as lembranças deliciosas do passado. Dorme menos, sonha mais; e segura a mão da amante, fitando o chão durante a caminhada.

Deixa a relação vegetar como se boa estivesse, enquanto vai, aos poucos, dobrando o joelho, buscando equilíbrio, fortalecendo os punhos para apoiá-lo na queda.

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