A ONDA GIGANTESCA
Nerino de Campos

Quando Thais acordou, sentiu uma fisgada no joelho, porém, notou que seus braços estavam engessados, impossibilitando-a de chegar até a perna para coçar. Olhou para o quarto do hospital, e de barulho, apenas o gotejar de uma torneira vindo de uma porta entreaberta. Havia muitos aparelhos à sua volta, muitos fios e tubos ligados ao seu corpo, todos funcionando em silêncio, tentando mantê-la viva.

Ela não conseguia se lembrar do que acontecera, e era ponto pacífico o seu desejo de que ninguém chegasse ali para lembrá-la. No entanto, uma forte dor no pé esquerdo passou a incomodá-la, até fazer com que as lembranças despencassem-lhe sobre a cabeça como uma onda gigantesca, remontando a horrível cena dos bombeiros serrando-lhe as pernas para livrá-la das ferragens do metrô.

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