SINTO
Mariana Maluf

Não me sinto muito afrodisíaca ultimamente. Se o problema fosse físico, já teria resolvido. Estou entre o limiar do desejo que não é sentido. Sinto pena da clausura, mas me fecho sem censura. Satisfazer a carne não preenche a alma. Acalma, mas depois desalma. Espero poder me libertar em breve, causar espanto, deixar o fluxo entrar e me curar dessa doença que não é sadia. A solução talvez seja mera especulação, eu já sei que ela existe, mas resiste. Pela primeira vez vou deixar me apaixonar. Vou me corromper nesta vida que tira e ao mesmo tempo acolhe. Me salvei, talvez possa agora me sentir, deixar fluir, me imatizar, vou simplesmente aprisionar o amor em mim.

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