VENTOS DE DUAS FACES
Fernando Ossuna

Em noites de tempestade...
No silêncio do carinho...
Os poetas sentam-se á beira do lago onde os anjos sempre 
param para dormir...
E escrevem a mensagem dos homens bons...

E os ventos brincam de mensageiros...
Trocam os corações...
E ferem os amantes...
Mas não tem nada não...
Um bom eremita me presenteou com um papel...
Uma caneta de sentimentos
E um destino mudo...

Assim ensino poetas a amarem...
Vejo mortais brincarem com almas...
As palavras ficam equilibrando olhares na ponta do queixo...
E os carentes buscam lábios perdidos...
Assim crescemos...
Em meio a sentimentos que iludem os olhos...
E facas de dois gumes
Como ventos de duas faces
Trazem alegria
E perdição...
O arcanjo que guarda os amores
Perde suas asas como um amante perde o olhar...

Na chuva o poeta escreve...
Na chuva o homem chora...
Nos ventos me perco ante o sorriso
Do anjo mais lindo de mim...

Se ver na chuva é ser sábio
Nos ventos sou louco...
Até que as rochas da terra tornem se em pó...
Mas sempre estarei aqui...
Observando junto à loucura do alto da torre
Os sorrisos de certa amada

Que me fez hoje estar aqui...
A escrever ao léu...
A conversar com o escuro...
E dançar com o silêncio...

Mas no fim da tempestade...
Vem os ventos que com a brisa...
Acariciam meu rosto...
Como que com a ponta dos dedos...

fale com o autor

Para voltar ao índice, utilize o botão "back" do seu browser.