VARIAÇÃO DA NOITE
Eduardo Prearo

No meio da avenida, com os olhos bem fechados, uma pessoa. Queria crer que era ela, a pessoa que sempre procurei, que conhecia mas nunca tinha visto nem de longe. Não havia mais samba, nenhum samba. A energia elétrica cessara subitamente e os relâmpagos iluminavam meu caminho e também ela. Que alta, que linda, que mãos assassinas ou então carinhosas! Vida breve e sem conquistas, um segundo na escala de algum outro tempo. O vórtice das desilusões havia acabado, agora o sonho era real. Fixei o olhar nas suas pálpebras: sombra branca, estrelinhas azuis...variação da noite. Chovia e a chuva levava ambas as noites. De súbito surgiram duas íris, dois sóis...

- Que decepção, senhor!, ouvi-a dizer sem acreditar.

Era mesmo ela.

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