BELEZA X DOR
Alice

Tereza esperava o marido ansiosa. Mal abriu a porta e ela correu até ele.

Amor, resolvi fazer uma nova plástica, vem cá senta aqui, vou te contar

— Oi querida, beijinho, beijinho... Ele não queria ouvir, já havia dito que outra, nem pensar.

— Já fiz todos os exames, vai ser na próxima semana, já marquei.

— Olha aqui Tereza, você quis afinar o nariz, afinou, quis turbinar os seios, turbinou e agora, onde vai ser o estrago? Espero que não seja na...

—Ahhh! Bem, você sabe que preciso tirar essa barriga que resiste a todos os exercícios, só uma cirurgia.

— Não Tê, pelo amor de Deus, muita mulher já morreu por causa disso, por favor querida. Abraçou-a forte.

— Eu sabia que você não ia querer, por isso já preparei tudo, agora não tem volta. Levantou-se e foi chorar no quarto.

Vladmir sabia que não a convenceria, o jeito era rezar para que Deus tivesse piedade. Lembrou as outras duas cirurgias, foi muito sofrimento para ambos e também para o pequeno Pedro de 4 anos.

— Ela precisa me escutar. Foi ao quarto, sentou-se ao lado dela na cama.

—Você sabe que eu te amo, que pra mim você foi e sempre será linda.

— Diz isso porque ainda sou nova, mas deixa o tempo passar, eu nunca fui bonita e tudo vai piorar.

— Eu me casei porque te acho bonita, inteligente, mesmo que não acredites, pra mim você é a mulher ideal, já ouviu aquela frase que diz "QUEM AMA O FEIO BONITO LHE PARECE". Pois é, você se acha feia, eu te acho bonita porque te amo, porque te quero pra sempre, não importa o passar dos anos.

— Não adianta Val, eu só serei feliz depois que sumir essa barriga. Disse secando as lágrimas.

— Está bem, você quer sofrer e nos fazer te acompanhar nessa dor, então faça, mas deixa te dizer uma coisa, não haverá outra, mesmo que você precise mesmo, lá pelos 50 compreendeu?

Ele saiu desolado uma dor imensa lhe inundava a alma.

Uma semana se passou, Vladmir contemplava a esposa, como estava linda, rosto pálido, sereno, deitada em seu leito de morte. Seu espírito ainda parecia permanecer sobre ela, como numa súplica silenciosa, um não querer dizer adeus a sua bela morada, tantas vezes maculada por feridas desnecessárias. O coração não suportou e depois de duas paradas cardíacas ela não voltou, expulsando-o para sempre.

Vladmir ajoelhou-se junto ao leito, segurou as mãos frias e macias de sua amada, tinha partido para sempre uma esposa e uma mãe dedicada.

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