RETRATO ESCRITO
Adilson Sobrinho

Rabisquei paredes e areia de praias, escrevi bilhetes, memorandos e epitáfios, por vezes escrevia nas estrelas, em outras escrevia para elas.

Nunca havia me atrevido a enfrentar a brancura do papel para descrever os dias que me passavam pelos olhos. Quando os poucos limites da folha branca já não mais me amedrontaram, comecei a fazê-los para um luxo pessoal, como fotografias que ia tirando de momentos vistos e vividos.

As folhas de papel foram se avolumando e se transformando em incômodas pilhas que, opostas ao decoro, foram se tornando um estorvo. A limpeza foi ampla, geral e irrestrita; inevitável. Joguei fora um tanto também de mágoas que, além de limparem os armários, limparam também o meu coração.

Passei longo tempo sem fazer investidas literárias, até porque nunca me senti realmente capaz da produção de algo que pudesse merecer grande atenção. Com o advento dos microcomputadores, retomei o hábito de fotografar o meu cotidiano e do mundo, com as teclas do meu PC , este sim os guardou e isto ocupando pouquíssimos espaços.

Certa feita um anjo me encorajou a tornar pública minhas letras, me enchi de coragem e encarei o desafio de expor os meus retratos em crônicas de um mundo nem sempre tão real.

Se por acaso outros olhos, que não sejam os meus, em algum dia, entrarem no meu mundo das palavras, minhas palavras, que sejam iludidos pela "intenção", a minha intenção de escrever a vida.

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