CATAVENTO
Marina Salles

 

Com uma brisa gelada, a um tempo
o catavento começa a girar.
Gira a tempo de ver o momento
em que a brisa começa a soprar.
E se o vento parar por um tempo,
poderá o catavento o imitar?
Cataventos girando no vento
nas voltas dos ventos que voltam do mar;
cata-ventos voltando no tempo
no giro tão lento dos tantos momentos
pequenos na roda-gigante a girar.
E a criança que correu não vendo
o mundo tremendo em que ia viver,
é o homem que gritou não sendo
como em seu tormento acreditava ser.
"Catavento, vem catar o veio,
tomar o veneno do mundo a rodar.
Catavento, vem cantar o velho,
cantar o sereno e a luz do luar.
Catavento, vem calar o tento,
vem sentir o medo e o novo poder.
Catavento, vem caçar o tempo,
vem ver nesse enredo o mundo tremer."
E o catavento, catando seu vento
sem medo, sereno, ciranda, ou mar
continua a girar no seu tempo
que é o curto momento do mundo parar.

 

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