COMO NASCE UM GRANDE AMOR
Alice

Todas as manhãs, Sandra encontrava flores sobre sua mesa de trabalho, na páscoa chocolate, no aniversário bolo, no dia dos namorados, um poema.

Porém naquela manhã, tudo mudou, havia um bilhete e apenas uma frase: Eu te amo.

Ficou paralisada ao reconhecer a letra: Era do patrão. Alguém estava brincando com ela, começou a chorar, por certo tempo não levou a sério aquela história mas com a insistência acabou confiando e sempre deixava bilhetinhos agradecendo os mimos. 

Como sempre fazia cuidou da limpeza, das plantinhas que ela mesma comprara para alegrar o ambiente. Quando começou a trabalhar o local parecia um lixão, só homens trabalhavam lá, e aos poucos ela foi mudando e conseguira fazer do prédio inteiro um lugar aconchegante. Não foi difícil convencer o chefe a pedir ao patrão uma reforma pedida por ela. 

Quando os companheiros chegaram ela ainda chorava e discretamente foi ao banheiro se recompor.

Não queria acreditar que o Senhor Van Burguer, homem loiro, fino e além de tudo rico estivesse interessado nela. Era difícil imaginá-lo fazendo aquele jogo.O que poderia querer de uma moça negra, pobre e sem formação? As lágrimas voltaram a cair abundantes, tirou um lenço da caixinha que havia sobre a pia e nele estava escrito: Hoje é o dia da minha rendição, eu vou me entregar.

Aquilo era demais, pegou o lenço e foi ter com os colegas: 

- Gente, olhem pra mim. Todos se viraram.

- Nós somos amigos, colegas, nos damos super bem, eu adoro vocês, mas brincadeiras desse tipo não combina, eu quero saber quem é o autor das gracinhas. Todos se olharam.

Foi aí que o chefe abriu a porta do escritório dele e o patrão saiu de lá em carne e osso.

- Perdão Sandrinha, eu sou o autor, mas pensei que você já soubesse que era eu... você correspondia com carinho e me senti amado por você. 

Todos bateram palmas pois já sabiam de tudo desde o primeiro dia, pois todos eles contribuíam para que as flores estivessem na mesa dela todos os dias.

Ela sorria e chorava ao mesmo tempo, decepcionada por seu amor ser quem era e feliz por ser amada, sabia que jamais aceitaria ter um caso com um homem e ainda sendo ele seu patrão. 

Ao ver que ela estava confusa e perdera o brilho e a alegria do olhar, ele foi até ela segurou-lhe as pequenas mãos, ela ergueu a cabeça, queria ver o que diziam os olhos dele e vislumbrou algo que a fez tremer. Aquele homem enorme e simpático estava apaixonado, ela se sentiu uma formiguinha quando ele fez com que a cabeça dela encostasse no seu peito. Ouviu o coração dele que mais parecia um tambor do timbalada.

De repente todos começaram a gritar e bater palmas: Pede, pede, pede...

Ele a afastou com carinho, enfiou a mão no bolso e tirou um caixinha. 

- Quer se casar comigo? 

Sim...sim....sim... Todos gritavam.

Ela respondeu que sim... ia dizer não, mas resolveu deixar rolar, depois pensaria no assunto, certamente aquilo era brincadeira... Recebeu o anel em seu dedo que parecia sob medida.

Nesse momento ele retirou outra caixinha e disse para todos:

- Vocês são testemunhas do nosso noivado. Retirou a aliança beijou e colocou no dedo dela. passou para ela a caixinha, ela incrédula retirou a aliança beijou meio indecisa e colocou no dedo dele... E todos gritavam: beija, beija , beija...

Ele aproximou a boca, ela fechou os olhos e deixou que ele a beijasse, foi um selinho que ela adorou e teria retribuído não fosse o turbilhão de emoções que a deixavam paralisada.

E foi na festa de casamento que ele contou para todos os convidados tudo que fizera para conquistar o amor de Sandra, que agora era sua esposa, sua amada, sua mulher.

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