SANDRA DECORTE
Lula Moura

Na contramão
de uma estrada invisível,
um elo nos liga ao eterno.

Uma luz me acende, me vende,
me vem de lá e colide,
incide, coincide o sinal.

Se não me vedo ao final,
afinal verei, virei verão
de um sol amarelo.

Anti inverno, vermelho
no inferno em pêlo,
no gelo quente,
do espinho interno, que sente
no verde, ao ver-te sincero,
num louco estilete,
que corta
esse medo ardente,
que espeta,
que espia a gente,
que espanta a planta
da raiz que me flerta,
e deixa aberta, a porta
da velha plantação,
da artéria, horta
do meu couração.

E no aumento dessa couraça,
explode enfim o início
do vício que vem da culatra,
do erro no enterro matreiro,
batendo na lata, dizendo
que aqui jaz.

Jazz... esse som “me mata”,
me acende na mata,
Cantemos, então.
Nada mais !

Vida: toalha pra ti, me jogo
me entrego, não nego.
Pronto, estou pranto,
podemos partir.

Vida: tão dividida.
Está aqui
a minha rendição.

Morte: sorte maldita,
de Sandra Decorte,
da amiga,
da fera ferida,
que sangrou do corte,
do tiro do punho
de um “certo” ladrão.

Mas tem um senão, inda bem.
Um elo nos liga ao que é terno
da estrada, agora visível, possível,
passivo da tal rendição,
que rende no espasmo,
no espaço, agora, lá fora.
Ou não...

--- * ---

Minha alma chora, sangra do corte.
Minha alma ora, Sandra Decorte.

(Sandrinha, s a u d a d e !!!)

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