TEMPO MEU
Lula Moura

“Meu tempo é hoje.
Eu não vivo no passado,
o passado é que vive em mim !...”
(Paulinho da Viola)

Paulinho da Viola, da música, dos amigos, da família, do ontem, do hoje e do agora. Metáfora forte e leve, jogada fora (pelos que não entendem). No jogo de bola, no Vasco, numa esquina guerreira, em São Januário ou num canto de Madureira que não chorou. No morro, na rima, no bate-papo, no “ouve que ouve”, no “fala que fala”, na mesa do bar, ou da sinuca. Quem cala inocente se dá bem...Paulinho bom de papo, bom de cuca. Não, não é uma poesia. Esquece, não encuca. Apenas estou escrevendo na esquina desse quarto, lembrando do documentário do Ventura. Que fala de Paulinho, que fala desse homem-menino, dos causos, do samba, da roda-de-bamba, da velha-guarda, que não velha e que não guarda, mas que espalha a flor e irradia o amor, a amizade.

Devagar, “devagarinho”, como no samba do amigo Martinho... Sem pressa de chegar... Idade que vai, idade que vem... Vai, idade!... Tudo bem. O tempo não passa pra Paulinho. Toda a sua calma e desprendimento com relação ao tempo (preguiça, para os desavisados) , toda a sua humildade em contraponto a vaidade, faz com que a sua percepção e sensibilidade entendam que a saudade talvez não exista. A pista: - O que foi, não foi. Está aqui, se eu sinto. Seja através da música, da arte, enfim, da memória emocional, cultural. E a emoção resgata e traz para o presente, fazendo com que percebamos que nada acabou, que tudo existe aqui-e-agora. Misturando o ontem com o hoje, e talvez até com o amanhã... Mágica do tempo/espaço, que de loucos não tem pouco. No documentário, além da peculiar interpretação de “saudade”, percebemos a “antivaidade” praticada por Paulinho que, sempre rodeado por amigos, consegue se destacar, sem se destacar. Podemos concluir, então, que o filme “à Ventura”, não foi à toa, foi à escritor-jornalista que o Zuenir Ventura é. E que a melhor aventura, por vezes, se passa num documentário, se bem feito. E que eu não cesso com essa minha mania de querer brincar com as palavras, pensando que estou rimando... ou de fazer “trocadálhos”... enchendo o leitor (Não reclame, está lendo porque quer...rs). Mas, tudo bem, aqui, neste texto, é tudo crônica e minha loucura não seria exceção... (Não ria... nem a sua leitura seria...rs).

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