SOLIDÃO A DOIS
Júlia Fernandes Heimann

Olho para a minha biblioteca, na intenção de conseguir companhia para as horas infindas desta inatividade forçada.

Os títulos e autores vão desfilando ante meus olhos. Nada me agrada. Todos são bons, mas estilo literário tem hora certa, como a música. Não se deve ouvir 'A Passionata" de Beethoven num momento de depressão; como não precisamos ler textos de auto-ajuda em momentos felizes.

Com esse pensamento, meu olhar percorre a fileira de livros e detêm-se no título: "Em Compasso de Solidão". Pego o volume e leio a data da dedicatória: 27/6/1979. Vinte e quatro anos! E ele ali, inerte; lido apenas uma vez!

Nesse momento, uma empatia se instalou entre nós e eu tive a certeza da solidão das coisas que, como as pessoas, não foram criadas para ficarem abandonadas.

 

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