BRUNA
Lula Moura

Estava aqui eu, com meus botões, e reparei que faltava um botão em minha camisa. Não tenho como repor este botão neste momento, pensei... Que falta faz um botão... Besteira, talvez... Sim, seria se não fosse a analogia que meus sentimentos imediatamente fariam... Detalhes tão pequenos de nós dois, são coisas muito grandes pra esquecer... O poeta tinha razão, além da emoção, claro...

Um buraco sem botão, ausência aparente... Lembrei de uma flor, lembrei da minha vida, daquilo que a gente sente... Lembrei de você, filha, que se foi... Está faltando um botão, uma flor, em minha vida... Amor teu, meu, de filha, de flor... Tem cor e perfume em forma de amor, incondicional, amor natural, que um dia vem, que um dia veio do espaço sideral e pra lá voltou... 

Filha, este texto não tem pretensão literária (será que algum, meu, tem?) ... Dividindo com aqueles que tem paciência para me ler, ele é só, e somente só, pra expressar minha saudade de ti. É também para registrar meu agradecimento ao escritor maior, Deus, por ter me permitido o convívio existencial aqui neste plano, nesta vida, contigo... Embora por tão pouco tempo... Mas a gente sabe que ele, o tempo, é pedra desconhecida e paira na relatividade do paralelismo... Então, essa certeza da presença simultânea preenche minha alma neste momento... 

Parte de mim, grande parte, é colorida pela tua presença durante os onze anos que se passaram... Parte de ti ficou aqui, presente na minha personalidade. A parte boa que por ventura eu tenha... E tenha certeza de que estamos e estaremos juntos, sempre, de alguma forma... Parte de ti, ficou presente também nas outras pessoas que conviveram contigo. Na mamãe, nas vovós, no vovô, nos tios, nos seus amiguinhos, nas pessoas que não chegaram a te conhecer mas que gostariam, etc...

A lágrima diária, que desce lentamente enquanto o coração parece subir, não é de tristeza, tenha certeza. Eu tenho... É de saudade... Saudade do teu rosto, do teu jeito, do teu sorriso, da tua presença física, que a gente sabe que não é o mais importante embora seja extremamente difícil da nossa essência, enquanto encarcerada nos limites da matéria, aceitar essa ausência. Não, não é fácil... E essa saudade, de certo, tende a crescer, visto que “saudade” é um produto do tempo (daqui) em que ficamos sem ver uma pessoa de quem gostamos... Portanto, o tempo passa mas a saudade (que ancora nas lembranças) não... 

Mas, no aparente paradoxo quântico que a física moderna nos permite, o legal é te sentir presente, como agora... E, na certeza da recíproca, isso nos traz a cor verde da esperança, que nos aguarda num degrau acima, onde a saudade pode ser, e será, derrotada...

A permissão e a possibilidade de maiores contatos interplanos, pede e me impõe um crescimento, difícil, que espero atingir... Muito está por vir, e que venha... 

“Quem é que foi, no teste do pezinho, com o papai?...
Foi a Bruninha, foi a Bruninha...“

Fique comigo, filha...

Um beijinho no pé de chulé !...

Te amo, muito, sempre!...

Papai Lula.

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