TEMAS
Kel Santos

Todo escritor tem aquele dia em que não sabe o que dizer, não sabe o que escrever. Esse tema já rendeu várias crônicas feitas por escritores famosos, anônimos, profissionais ou amadores.

Hoje estou em um dia desses. Tenho que escrever sobre o tema "A Lenda" e não sai nada. Fui até pesquisar sobre lendas para ver se alguma idéia vinha à cabeça, mas, infelizmente, estou travada. As pesquisas só serviram para que eu lembrasse de algumas lendas que são até engraçadas quando se pensa que um dia cheguei a acreditar nelas.

Uma das lendas que mais acreditei foi a da Loira do Banheiro. Lembro-me que, quando pequena, segurava o xixi até não agüentar mais, pois morria de medo de ir ao banheiro sozinha e ver aquela mulher loira, branca e com algodão no nariz. Só ia ao banheiro na hora do intervalo escolar e, mesmo assim, acompanhada.

Outra que cheguei a acreditar foi a do Saci-Pererê; e olha que eu já era mais grandinha, devia ter uns dez anos. Um dia fui passar o fim de semana na casa de uma querida tia. Gostava muito de ajudá-la nos serviços de casa, mas a todo o momento eu parava e ia brincar no fundo do quintal, pois além de bem arborizado, a tia Neuza mantinha ali uma criação de coelhos que era a alegria de toda a criançada da vizinhança. Minha tia um pouco irritada por eu largar a torneira aberta e as louças ensaboadas, disse para eu não sair de casa, pois o saci viria bagunçar tudo o que eu estava arrumando. Não acreditei na primeira vez, porém na segunda quando voltei, a cama estava desarrumada e fiquei assustada. Pela janela da cozinha olhei para o fundo do quintal e juro ter visto o saci tentando se esconder atrás de uma árvore. Hoje tenho esta imagem tão nítida na minha mente, que me pergunto se as crianças realmente imaginam ou vêem coisas.

Nunca acreditei em Curupira ou Mula-Sem-Cabeça, mas do Boto Cor-de-Rosa eu era fã e ficava sonhando com o dia em que pudesse ser seduzida por ele. Na adolescência não me cansava de assistir o filme "Boto" com o Carlos Alberto Riccelli e, ao invés de esperar o príncipe encantado, eu esperava meu boto, bonito igual ao ator.

Atualmente dou risada de algumas dessas crendices de infância, mas vejo que pouca coisa mudou, pois há uma lenda que ainda acredito: Vampiros.
Assisti o "Entrevista com o Vampiro" umas oito vezes e hoje não fantasio mais um boto, mas sim um vampiro que pule no meu pescoço; bonito igual Tom Cruise, Antonio Banderas ou Brad Pitt, é claro!

É isso, fico feliz que tenha conseguido escrever sobre "A Lenda", mas ainda não sei o que dizer sobre o tema "Não sei o que dizer".


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