PONTO FINAL
Rafael Diniz Marques Gontijo
 
 

Torrente de sangue num oceano Atlântico, que sem um Pacífico, se transforma num mar Morto.

Torrente de fome na Zona da Mata, Atlântica, vigiada e USAda , enquanto tucanos e lulas se escondem na moita.

Torrente de meninos carentes, com cárie nos dentes, com cara de doentes, conscientes que não terão a ajuda nem do papai-noel, nem do presidente. Crianças perdidas numa bolha azul prestes a estourar.

Torrente de uniformes camuflados, se esquivando em fronteiras, na beira, de gota em gota, pequeno riacho.

Torrente de medo numa casa branca, quase negra, recheada de ternos negros, vestindo brancos, que tem um “branco” ao ouvir sobre povos no vermelho.

Torrente de óvnis e cartomantes que são a saída para esse mundo sem saída.

Torrente de monotonia, de um Jesus crucificado, de olhos fechados. Torrente de luz, capelas e pecados e cem reais, um pedacinho do céu.

Torrente de natureza humana, então deixa como está, se o homem não muda e nasceu assim, não sou eu quem irá mudar.

Torrente de uma água suja, amarronzada. Um esgoto lucrativo.

Torrente de “se lembra quando a gente chegou um dia acreditar, que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre, sempre acaba”. (Legião Urbana)

Torrente de palavras que acharão legais ou fortes, e esquecerão amanhã, e não farão nada, sem saber ou poder, mas não farão nada, como eu, um ponto final.

 
 

fale com o autor