O ESPERTINHO
Argento

 

De fato, tudo era belo. Traçando um paralelo entre o real e o imaginário, nosso herói estava certo, não era otário, queria vencer, ser feliz! E seguia sempre a lei do Gérson:

- "Gosto de levar vantagem em tudo, certo?"

E por perto? Por perto ficasse quem quisesse, ou melhor, quem pudesse suporta-lo. O camarada era um exemplo de mau caráter, brincava de se corromper e comprava todos. Sua palavra preferida era LUCRO! E que venham os bobos e honestos! Quanto mais enganasse, melhor se sentia. De noite, de tarde e de dia... Lá ia o nosso protagonista, chantagista, pseudo humorista, farrista e esperto. Pobre da esposa, traída, maltratada, espezinhada, sem saída...

Um dia porém, conheceu uma linda menina e por azar, acabou se apaixonando. O mais engraçado é que por mais esperto que fosse e por mais que planejasse, ele nunca conseguia armar uma saída com a moçoila. E quanto mais ouvia um não, mais se apaixonava. Os golpes continuavam funcionando e o capital aumentava. Curtia a noite, mulheres belas e diversas, mas ela? Bom, ela vivia em outro mundo e não dava a menor bola para o safado. O cara estava de quatro pela mocinha.

Resolveu então contratar dois atores para simular um assalto. No dia seguinte, após tudo acertado, ficou na espreita, num boteco da esquina próximo ao trabalho.Quando a menina saia do escritório, foi abruptamente interrompida por dois sujeitos mascarados.

- Perdeu!!!

- Que foi que eu fiz?

- Nada, isso é um assalto!!!

A mulher tremia de medo quando o tal safado apareceu e dominou os bandidos numa luta heróica. E quando a menina já se preparava pra beijar e agradecer ao tal espertinho, chegaram os atores contratados pedindo mil desculpas pelo atraso. O dito cujo quase desmaiou de medo, mas segurou firme o tranco.

- Ah, então era isso!!! Você preparou tudo para me enganar!!!

- É moça, mas ele realmente é um herói de verdade, né? Ele te salvou dos bandidos!!!

- Vocês tem toda razão, mas agora como é que eu fico?

- Como assim dona, você deveria ficar feliz por ele ter chegado a tempo!

O espertinho começa a se vangloriar do feito e dizer que agora ela tem uma dívida com ele. Começa uma ladainha antiga sobre o seu amor pela dita cuja.

- Viu, vocês estão vendo só?

- Vendo o quê, menininha linda?

- Agora, quem é que vai me salvar deste chato?

 

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