O ÚLTIMO SUSPIRO
Elaine Brunialti

Qualquer dia desses eu juro:
Ponho a boca no mundo.
Gritarei então a pleno pulmões:
Liberdade, ainda que tardia!

Nesse dia vou romper com todas as regras desta sociedade chauvista.
Vou derrubar todos os preconceitos impostos pela família.
Cortar todas as amarras que me prendem a conceitos e dogmas que não são meus.
Arrancarei a mordaça que cala a boca, despedaça o coração e mata o meu Eu.
Assim, vou me livrar de todas as coisas que carrego e que não são minhas.
Dos fantasmas ancestrais que impregnam meu ser.
Gritarei contra os pecados que não são meus,
contra as regras das quais não tomei parte,
contra demônios e também contra os deuses impostos.
E com esse grito vindo das profundezas de minhas entranhas,
tal qual as trombetas de Jericó, farei cair por terra tudo aquilo que carrego inutilmente dentro de minha alma.
Pobre alma, hoje, tão insignificante por estar presa a tudo o que nunca acreditei, seja por obediência a regras arcaicas, seja por medo do castigo divino.
Mas, Liberdade, ainda que tardia!
Sei que um dia hei de gritar,
nem que seja no último suspiro,
de meu leito de morte.

 

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