HOJE EU SÓ QUERIA PEDIR DESCULPAS
Adriana Vieira Bastos

 

Desculpas por falar a uma amiga para aprender a conviver com a perda de um filho, mesmo tendo a consciência de não suportar, sequer, a possibilidade de tal hipótese passar pela minha cabeça.

Desculpas por falar a uma amiga que ela deve ficar feliz com o término de uma relação problemática, seja de amizade ou de amor, pois merece coisa melhor, mesmo sabendo já ter chorado, e muito, por alguns “abacaxis” encontrados no meu caminho...

Desculpas por falar a um amigo, que acabara de perder o emprego, para não desanimar, mesmo sabendo o quanto é difícil, tendo em vista a crueldade que é, nos dias de hoje, a recolocação no mercado de trabalho.

Desculpas por falar com tanta tranqüilidade sobre os desígnios da espiritualidade no traçado de nossas vidas, mesmo sabendo o quanto esta compreensão vai pr’o espaço, quando o mundo superior resolve convocar alguém da minha turma.

Hoje eu queria pedir desculpas por saber-me consciente de que que falo coisas incompatíveis com a minha possível reação, caso fosse eu a protagonista de certas histórias sofridas por meus amigos.

Mas não me levem a mal, pois acredito no que falo! Tanto acredito que falo!

Penso até que, de tanto falar, e escutar estas falas, possivelmente daqui a três encarnações, terei grandes possibilidades de conseguir agir de acordo com estas crenças e, finalmente, encarar com mais naturalidade os desafios que a vida também me apresenta. Como diria o velho ditado, “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”...

Mas enquanto isto, sem mistificação, uma coisa é real - o amor que tenho por estes amigos!

O amor que me faz procurar de tudo para tentar confortá-los nestes momentos tão difíceis e, principalmente, continuar querendo estar junto deles no tempo que precisam para aprender a diluir as dores que passam a fazer parte de suas e nossas vidas.


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