UMA PEQUENA DESCRIÇÃO
PARA UM PEQUENO PERSONAGEM
Osvaldo Pastorelli
 
 

entre nossos corpos estavam os copos e os olhos dele meios que saltados agiam em movimentos um tanto quanto rápidos sem se fixar num ponto, talvez por causa da luz da tarde que invadia a lanchonete, ou talvez porque olhava distraído enquanto lentamente bebia a coca-cola em goles pequenos saboreando cada partícula da bebida como se fosse a última, franzino e no entanto podia notar o corpo saudável por baixo da calça jeans larga e da camisa verde escura também larga, o que aguçava a curiosidade em saber como seria as formas que preenchia aquela roupa, a imaginação de quem olhasse para ele voava em sua direção contemplando as partes amostra, as partes em que a roupa não cobria sua pele amorenada, principalmente o rosto pequeno, quase redondo mas não cheio acomodando uma leve penugem de barba que teimava em crescer, os lábios finos por baixo de um nariz delicado completavam a seqüência de formas dando o atributo, não de beleza, mas de algo que atrai quem para ele olhasse, porém, de repente, sem que ninguém notasse, ele criou uma seqüência de movimentos tendo primeiramente se levantado, depois caminhando até a caixa, pagou a conta e saiu sem que nada o perturbasse, sem se preocupar com o que se passava a sua volta...

 
 

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