RODOVIÁRIA
Kátia Rodrigues
 
 

Domingo, sete horas da noite de um dia de março. Desceram do carro e na plataforma de embarque ainda tiveram vinte minutos antes da partida. Na verdade, as pessoas já se aglomeravam no terminal, as voltas com malas, acompanhadas por quem as deixavam partir ou, sozinhas em suas memórias.

Observaram-se em silêncio, antecedendo uma despedida inesperada, que não deveria estender-se por mais de um mês. Ela olhou-o, enquanto ele corria os olhos no nada. Estavam calados há alguns dias. O ônibus chegou e ele disse que era melhor que se aproximassem. Ajudou-a com a bagagem; caminharam lado a lado.

Despacharam a bagagem e se afastaram um pouco. Ela o abraçou e pediu que ele fosse vê-la se demorasse mais do que o previsto. Ele disse que sim e, beijaram-se. Despediram-se. Ela entrou, sentou-se e antes que o ônibus seguisse destino, viu que ele não esperara a partida como das outras vezes. Naquele momento não percebeu que a distância se eternizaria.

 
 

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