08 DE MARÇO DE 2005
HÁ O QUE SE COMEMORAR?
Adriana Vieira Bastos
 
 

Há! Sempre há!

Mas ainda há muito a fazer para que a mulher possa se sentir respeitada como cidadã plena em seus direitos.

Para isto precisamos acabar com a hipocrisia em que a sociedade vive - "a falsa igualdade social". Os preconceitos, as discriminações continuam rolando à solta, só que por debaixo do pano.

De acordo com as estatísticas, ainda nos dias de hoje, 30% mulheres são chefes de família no país, trabalham em média o mesmo que os homens e recebem mais ou menos 60% do total de seus salários para desempenhar a mesma função.

O desemprego é de até 6% maior em relação aos homens. De acordo com a ONU, 25% das brasileiras são vítimas constantes de violência no lar. Em apenas 2% dos casos, o agressor é punido e, em cerca de 70%, esse agressor é o marido ou companheiro. (universodamulher.com.br). A cada quatro minutos uma mulher é vítima de algum tipo de agressão, em distintas classes sociais.

Falamos em liberdade sexual, mas a mulher ainda é "catalogada" como fácil ou não, respeitável ou não, na hora da escolha pelo homem para um relacionamento sério. O controle da concepção ou gravidez ainda é socialmente considerado responsabilidade da mulher.

Segundo o Ministério da Previdência Social, existem atualmente 9 milhões de donas-de-casa no Brasil. E, lamentavelmente, são discriminadas por esta opção. Cerca de 40 milhões de mulheres que ocupam postos no mercado de trabalho, formal ou informal, acabam exercendo dupla jornada - no trabalho e nas atividades domésticas. Ou seja, no mundo contemporâneo ainda cabe, ao sexo feminino, a tarefa de cuidar do lar e da família. (universodamulher.com.br).

No mundo moderno, não basta ser mulher - tem que ser "super-mulher" - mãe, profissional exemplar e bela 24 horas por dia. Algumas optam até por abrir mão da maternidade, para não colocar em risco a ascensão profissional. O que não é o caso dos homens, que bastam ser profissionais, pois contam com suas companheiras para o comando da família.

Enfim, desigualdades como estas e outras mais, fizeram e fazem com que o 8 de março, em pleno século XXI, ainda seja escolhido como "um dia de luta contra todas as formas de opressão e discriminação contra as mulheres".

Mas isto pode mudar! Um bom caminho seria a mulher se conscientizar da importância de sair deste circulo vicioso, que tem sido o de se espelhar no modelo masculino e passar a não ter mais medo de oferecer o que possui de mais positivo em benefício de um mundo mais justo, humano e equilibrado - sua sensibilidade.

É no seu dia-a-dia, e consciente de seu papel de formadora - seja na educação dos filhos, na participação dentro da família, no trabalho e no meio social -, que a mulher, sentindo-se orgulhosa de suas diferenças, conseguirá construir uma nova mentalidade social baseada no respeito aos direitos humanos. Como diz o velho ditado: "pequenos passos fazem uma grande caminhada"...

Quem sabe, assim, possamos ainda ver o 8 de março ser transformado em um dia da mulher compartilhar simplesmente o seu prazer de ser mulher.

 
 

email do autor