MULHER NO VOLANTE
Cristina Del Nero
 
 

Olha como o mundo é engraçado. Geneticistas já conseguiram desvendar a sequência completa do DNA humano, clonar ovelhas já virou carne de vaca, e mesmo assim, nenhum cientista conseguiu explicar até hoje qual é o poder que uma mulher no volante exerce sobre o psiquismo masculino. Mesmo as estatísticas provando por XY + XX que as mulheres causam muito menos acidentes no trânsito do que os homens, ninguém se convence. E sempre tem um engraçadinho que comenta:

- Também pudera. Você usa o carro para levar as crianças na escola e ir até a padaria. Que acidente você poderia causar? Atropelar um pãozinho francês?

Ninguém admite que dirigir bem ou mal independe de sexo. Existem os homens e as mulheres que dirigem bem, os homens e as mulheres que dirigem mal e uma amiga minha, que sempre que pode, atropela um motoboy.

Mas longe de mim reclamar. Cá entre nós - e sem querer fazer trocadilho - ser mulher é uma mão na roda.

Principalmente quando a gente manobra o carro. Você entra no carro, liga o motor e como num passe de mágica, o motorista do carro da frente aparece e tira o dele antes que você engate a primeira. Se o cara estiver demorando, basta girar a direção e, ao mesmo tempo, ligar o limpador de pára-brisa. Aí é bem capaz que os próprios carros se dirijam e saiam sozinhos para uma distância segura de uns 2 quilômetros.

Mas também tem o lado ruim. Se uma mulher bater no carro de um homem que saiu da pista da esquerda e virou à direita sem dar seta, a culpa é da mulher. Se um motorista de ônibus atravessar o sinal vermelho e arrastar o carro de uma mulher até o próximo ponto, a culpa é da mulher. Se duas mulheres baterem, a culpa é das duas.

O pior mesmo é quando seu carro quebra. O motor pode estar caído no chão, o carro em chamas, as quatro rodas espalhadas pela avenida, que mesmo assim, sempre tem um homem que pergunta "tem gasolina?". Não entendo porque nossos problemas se resumem a gasolina. "Não, não tem gasolina. Eu uso sabão em pó".

Em postos de gasolina, então, é covardia. "Madama, precisa trocar o óleo" é o conselho preferido de todos os frentistas. Mesmo que seu carro seja zerinho. Mesmo que você só tenha ido ao posto para encher o pneu da sua bicicleta.

E depois de tudo isso, ainda ouvimos "vai lavar roupa, dona Maria". Vou sim e duvido que você saiba pilotar a minha máquina de lavar. Duvido.

 
 

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