PRECOCE
Gaby Marques (Husky)
 
 

Levantei pela manhã, cansada por ter ficado até as quatro da matina fazendo um trabalho da faculdade. Dormi apenas duas horas, mas precisava ir a luta. Sabia que, na profissão que escolhi perderia muitas noites de sono. No entanto, todo o trabalho valia por estar praticando algo que alegrava meu gosto coração.

Tomei meu banho, preocupada com a apresentação que eu faria, a noite, na faculdade. Ansiosa por natureza, queria concluir tudo para descansar. Bebi rapidamente meu café e saí comendo meu pão, que, só para variar, tive de comer no ônibus. Entre uma mordida e outra, fui pensando se não tinha deixado nada de importante na apresentação do power point. Talvez pelo sono, não estava conseguindo raciocinar com clareza.

Entrei no outro õnibus e, por alguns instantes, minha atenção foi tomda pelo diálogo de duas garotinhas. Cada uma delas estavam carregando um celular. Olhei de novo. Achei que ainda estava dormindo, mas não estava. As duas deviam ter ente nove e dez anos. Tenho que concordar que o celular está se tornando um produto descartável, no entanto, fiquei perplexa com os modos das duas. Pareciam duas amigas de trinta anos falando de negócios. Não estou querendo discriminar ninguém. Cada pai sabe o que é melhor para seu filho. O que eu fiquei abismada foi de ver como o mundo mudou, e rapidamente. Na idade delas eu ganhava bonecas. Quando eu comprei meu primeiro celular achava que era um artigo de luxo, não como um simples brinquedo.

Sempre ouço as pessoas comentando que as mulheres estão assumindo o mercado de trabalho, principalmente em cargos de gerência, diretoria, presidência. Mas, pelo jeito, isso acontecerá cada vez mais cedo.

É, os tempos mudaram. Acho que estou ficando velha demais.

 
 

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