SERES IGUAIS - ANJOS
Leila de Barros
 
 

Mulher, se Deus
Não criasse você
Ele próprio custava a crer...
(Baden Powell)

Sou sim feminina, como a Lua, como Leila Diniz, feito Cora Coralina e assim como a maré. Mas não sei direito o que isso significa.

Custo a crer que o fato de usar roupa íntima e genérica de mulher ou ter na carteira de identidade escrito sexo feminino, faça de mim uma mulher. E daí? Ser mulher? Isso me diferencia de forma especial? Talvez a forma de ser criada tenha influenciado. Ah! Não sei não! Minha mãe não me falava em casamento, em bordado, em me portar de modo feminino. Calma, calma, não uso coturno também não!

Até que falo mansinho e delicadamente.

Mas, será que é porque menstruo e posso gerar vida no ventre? Hum... Isso ainda não me convenceu. O que faz de mim uma mulher?

Minha avó trabalhava como professora lá pela década de 1940 e era no meio do interior de Minas. Criou um bocado de filhos quase que sozinha, era mais macho do que muito homem, como diria Rita Lee. Mas era suave, calma, trouxe tantas benesses para a família. Era uma usina de amor e calor humano, ali perto do seu fogãozinho a lenha. Uma gata mãe ao lado de seus filhotes. Mas, há também tantos homens sensíveis e de alma delicada, apesar da força e energia masculina que demonstram.

Então eles seriam os homens femininos?

Existe uma divisão linear ou oculta que nos define assim de modo tão cartesiano?

Gosto dos homens, acho-os especiais também. Homem serve para tanta coisa boa.

Acho que não consigo mesmo definir o que me define verdadeiramente como mulher, mas não me importo. Gosto das coisas como estão, gosto de ser como sou, participando da vida, atenta aos detalhes tão cor-de-rosa que minha lente captura. Mas a homenagem que eu faria seria para o ser humano, independentemente do sexo que tenha.

Sou a favor do Dia Internacional do Ser Humano, o dia da delicadeza, da amizade, do amor sem fim, com uma chuvazinha caindo bem de mansinho sobre homens e mulheres, seres angelicais, sem dúvida.

 
 

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