VERDE IMORTAL
Lula Moura
 
 

Ainda que o dia fosse dia,
ainda que a noite fosse noite,
ainda que isso fosse poesia,
ainda que ainda não fosse.

A letra que tu me pedia
perdia o bom do açoite,
da surpresa que se escondia
no meio da minha noite...

E se o sol achasse a ilha,
e se a estrela fossa fosse,
um pouco depois do meio-dia,
na penumbra, seria meia-noite.

Do amor que Prometeu prometia,
vinha o vinho quente que trouxe,
e ardia na cortina que se abria,
e no aplauso que explodiria...

Diria que o simples da fantasia,
é o que espera o sal do doce,
no inverso do que escreveria,
um você, que antes não fosse.

E no acaso do céu que encerro,
o imprevisto prevê o fatal,
na idade do meio físico,
a sanidade do verde imortal.

 
 

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