EU NÃO SEI ESCREVER
Bruno Pinheiro de Lacerda
 
 

Tenho uma confissão a fazer: Eu não sei escrever.

Você, leitor, deve estar estranhando que eu, após mandar um monte de textos para os Anjos de Prata, diga uma coisa tão surpreendente! Mas, é a pura verdade.

Eu sei o que é escrever. Escrever é produzir metáforas, paradoxos, oxímoros, metonímias, hipérboles, em uma fábrica única: o cérebro. Eu sei o que é escrever. Entretanto, não sei escrever.

Ah, como eu queria saber fazer metáforas, paradoxos, neologismos! Ah, como eu queria saber um modo de metaforizar a metáfora, neologisar o neologismo, metonimizar a metonímia, paradoxar o paradoxo, hiperbolizar a hipérbole, pleonastizar o pleonasmo! Ah, como eu gostaria tanto de saber escrever!

No entanto, busco esse aprendizado incessantemente e, não aprendo! Quanto mais busco, mais descubro que não sei! Quanto mais procuro, menos encontro! Por quê?

Escrever é uma arte rara, poucos a sabem fazer, apesar de que muitos a fazem. Eu não sei escrever, sou um daqueles que não têm o dom e não sabem, mas faço, por insistência, por teimosia, por gostar de fazer.

Eu não sei escrever, mas escreverei... Até aprender? Não: Até esquecer completamente tudo o que aprendi, até me convencer de que não devo, até a morte!

 
 

email do autor