NINGUÉM MERECE POLPAS AMARGAS!
Ubirajara Varela
 
 

Vou contar aqui um caso simples, assim como a vida é, que carrega um certo tom de ironia e protesto, não porque eu queira provocar ou instigar qualquer discussão, mas para desabafar, aproveitando de sua atenção, algo que tenho vivido faz vários anos.

Na última segunda-feira, após um tratamento de Reiki que apliquei em minha namorada, convidei-a para um lanche. Deveria ser um lanche desses que as namoradas são merecedoras, por causa do afeto, companheirismo e alegria, com que nos nutrem dia-a-dia. Posso inclusive me gabar pela sorte que tive em encontrar uma namorada tão maravilhosa, para quem nem ouso dispensar elogios, pois estes diminuiriam a sua grandeza. Em contrapartida, tenho o desprazer de ter duas irmãs que, em matéria de relação fraternal, também não mereceriam qualificações, pois não encontraria palavras para descrever a pequenez de suas virtudes.

O acontecido é que fui preparar uma merenda para nós dois, enamorados jovens: Sanduíches-iches (como diria Ruth Lemos), - uma improvisada receita minha, mas muito gostosa -, com um saboroso suco de pitanga, laranja e mel. Uma delícia!

Enquanto eu preparava o quitute, deixei minha namorada confortavelmente sentada na sala de jantar, em companhia de minha irmã caçula - a meiga -, que tenta a todo instante e com todas as suas forças me denegrir junto a minha futura noiva. Acho que por ela não conseguir namorado, não quer ver ninguém com seu par. Freud explica.

As estratégias da caçulinha, como sempre em vão, não envenenaram a percepção de minha preterida que, apesar da tenra idade, já tem alguma experiência para conseguir enxergar as dissimulações dessas capitus de minha família.

E o que minha irmã falou de tão grave, você deve estar se perguntando. Não foi nada de grave. É até bonitinho! Penso que quando eu lhe revelar, você vai de imediato sugerir que ela tem uns 6 ou 7 anos de idade, como a Elisinha, minha priminha lindinha. Mas não, a irmã tem vinte e duas primaveras completas. E o que ela ficou falando aos ventos é que lá estava indo embora mais uma de suas polpas, - compradas com tanto suor de seu árduo labor! (a exclamação é por minha conta) -, sem saber que eu não estava usando polpas, e sim fruta fresca. Que bobagem!

Fiz o suco, o sanduíche, comemos. Ficou por isso mesmo. Digerimos tudo.

Hoje cedo, fiquei sabendo de minha mãe, que fora ela quem havia consumido a polpa, pela qual fui acusado equivocadamente de furto.

É uma pena ter esse tipo de convivência dentro de minha própria casa, tendo irmãs que se esforçam numa competição inexistente (até porque não estou competindo com ninguém!), e esforçadas não em viver a própria vida, que anda manca das pernas, mas para tentar a todo custo, atrapalhar um pouquinho a vida dos outros, com fofocas, difamações, provocações e diz-que-me-disse. Eu sinto muitíssimo! E instituído o estado de sítio domiciliar, a única coisa que tenho para falar-lhes é:

- Por favor, me poupem!

 
 

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