MÉDIA-LUZ
Francisco Pascoal Pinto de Magalhães
 
 

entre o cara de tiara amarela e camisa azul do boca e a menininha morena de biquíni da praia de joaquina em floripa rolou tudo "muy rápido" como acabou de modo trágico. dava letra de tango a medida inexata daqueles ingredientes: paixão, traição, ciúme, porres e uma arma branca.

agora: em primeiro plano, à meia-luz jaz um corpo inerte - o olho opaco, os lábios entreabertos, a frase não concluída. nas sombras que povoam os contornos da ilha uma fuga alucinada em que o medo se aferra ao volante buscando na fronteira a tábua da salvação, o porto da impunidade - como se a culpa não tivesse passaporte.

aos domingos em la bombonera ele sente que, mesmo entre tantos, olhos de lince o espreitam.

 
 

email do autor