MEIA-LUZ
Laerth Motta
 
 

Foi como se fosse dia,quando a meia caiu negra sobre a luminária ladeando a cama.

As coisas que Luiz tivera a sorte de imaginar no anteceder destas horas,foram como prévias do delírio que era esta Anaclara,no decorrer da noite com lua cheia.

Lamentava-se diante da gelada,num bar de esquina da rua pelotas,ao lado da fabrica de lustres;Quando iluminou seus olhos com sede,tal musa em vestes despojadas.

Coisas de meia estação,tecido leve e colorido,vestido caído ao meio das coxas cruzadas na cadeira brilhante da mesa em frente,no fim da luz do dia.

Resguardava o que não era segredo,envolta nas meias longas de cor discretamente escura,o portico em pedestal pudico de um sorriso largo,emoldurado por cabelos ondulados castanho escuro com reflexos.

De tal modo inebriante,que imantou o impulso de atirar-se tarado,porem,tímido no desejo de sercá-la com paredes do seu quarto,para ver a luz da pele por dentro da seda até o dia seguinte.

Não foi fácil...,como nada nunca lhe foi;Fez-se necessário um pormenorizado retratar despretensioso das intenções; Mas foi...

Como imaginara,aquela pele norena clara revelando-se lentamente ao toque das mãos enquanto a meia escorria sorrindo,apagou-lhe da menória,todo lamento de solidão.

A meia caiu sobre a luminária,suavizando o escuro do quarto com a luz que preenchia,ao som cantado em murmúrios de conquista,desenhado no símbolo da meia luz.

Nenhum outro dia foi tão claro quanto aquela pele,noite adentro da lua; A meia de Anaclara ficou na lâmpada sobre a cabeça de Luiz,na idéia de tê-la por todas as noites.

 
 

email do autor