PRISMA
Leila Silva
 
 

Noite, chove intensamente, raios, trovões e tentações.

Eu, ele

A mala - há sempre uma mala -, a cadeira branca

Uma rua de ruídos variados e incessantes.

Nós, os objetos, a chuva tagarela.

Do outro lado da parede há uma vizinha magra, de cara manchada. Será que dorme?

Bruxelas e Fortaleza são duas coisas distintas. No domingo Afrânio está de volta e saberá que digo a verdade.

Na foto, aquele cisne agora já me incomoda. Em Cambridge ele era colorido e menos perfeito. Aqui, congelado em preto e branco, porte elegante e indiferente a tudo e a mim, eu, que o flagrei nesta pose, que roubei a sua alma. Será que ainda vive o cisne branco, Será? E se eu dormir, ele ainda existirá?

Marcel, ainda quero das suas madeleines. Mais tarde, porque hoje estou tão pós-moderna e trágica.

 
 

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