À meia-luz aviltam-me os tremores.
Na minha alcova acendo a lamparina,
Disposto a escrever na folha albina,
Enfermos versos, vagos e incolores.

Não tendo alento às minhas fortes dores,
Escrevo, e nessa empresa acho a morfina.
Porém, os débeis versos em surdina,
Investem contra mim como roedores.

Tento à palavra dar forma e à tristeza
Um cárcere onde não me execre mais.
- Eu mesmo calo, abjeta natureza!

À meia-luz desfaço todos meus medos,
A folha grita, e o grito se desfaz,
Em plácido tremores e segredos...