TEUS OLHOS AZUIS
Daniela Fernanda
 
 

Teus olhos azuis eram grandes e expressivos. Hora diziam tudo. Hora diziam nada. Eram vivos, viam tudo. Enxergavam até, além do que viam. Olhos que choravam e que sorriam, simplesmente viviam. Viviam em lugar distante, mas na lembrança dos filhos. Estavam no coração pulsante da mãe e na memória magoada do pai.

Olhos que agora se cansaram e lacrimejaram. Eles já perdiam o brilho, eles caíam. O azul daqueles olhos, queria tocar as coisas, para que elas tivessem mais cor e fossem mais belas. Lutavam para se manterem abertos, tentavam continuar acesos e já não podiam. Queriam mas não conseguiam. Os olhos teimavam em se fecharem, e o esforço diário para manter-los abertos, já se fazia inútil.

Noite de calor, estrelada, com cheiro de perfume adocicado, calma, longa... Os olhos entreabertos, ainda percebiam a cor da noite e olhavam mais para o passado do que para o momento vivenciado. Almejavam o futuro, mas já não o enxergava. Queriam agarrá-lo e não podiam. Viram então que perderam o ritmo, a cadência e sem uma única lágrima, sem angústia, nem revolta, os belos olhos azuis se permitiram descançar. Fecharam-se então os olhos, sem nada mais poderem vislumbrar.

 
 

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