NÃO PISQUE!
Pedro Feitosa
 
 

Quando a imagem chega em teus olhos, o fato já aconteceu: um menino sujo passou a mão em sua carteira e levou além dos documentos o motivo de tanto suor durante o mês. Infelizmente essa é uma cena que se repete cada vez mais no cotidiano das pessoas que vivem em grandes cidades, e para o desespero de alguns, já tem casos em cidades pequenas.

Acontece que a marginalidade tem tomado proporção meteóricas, uma vez que o sistema econômico do país tem aumentado a distância entre as camadas sociais, trazendo assim, uma grande e desesperada luta pela sobrevivência dos menos favorecidos. Assim, alguns acabam preferindo utilizar suas habilidades (nesse caso, manuais) para se virar como dá.

Bom, isso todo mundo já sabe: a globalização, concentração de renda nas mãos de poucos, etc... O que tem me incomodado nesses crimes, é o aumento de casos em que o delinqüente não se enquadra nesse estereótipo de guerreiro da fome. Isso mesmo, cada vez mais jovens da classe média, têm praticado pequenos furtos a fim de manter seu vício, ou então para suprir a monotonia de suas vidas.

Então vem a pergunta: A violência não é decorrente dos problemas sociais (segundo parágrafo)?

Infelizmente sinto desapontá-los, mas não. Pelo menos não em sua totalidade. O país tem passado por problemas muito maiores do que a sofrida fome, algo que aos poucos tem ficado evidente aos olhos do povo, porém, o velho bordão têm permanecido nos teus olhos, caro amigo.

Sim, a desculpa oficial para essa bagunça toda é a pobreza, a diferença entre as classes, a globalização e todas as palavras bonitinhas que criaram no último século. Mas quer saber? Eu não acredito!

É claro que a educação tem papel fundamental para a cura dessa doença, nisso não tenho dúvidas. Porém, o discurso político atribui apenas a essa medida, como forma de salvação das almas, mas não é! Investir na profissionalização, na formação do jovem é algo que deve ser constante num país, os militares já o faziam, lembram?

Mas a doença que o país sofre não é curada apenas com essa injeção. Ela é mais grave, esse medicamento só diminuirá a patologia, não trará a cura. Outro dia estava pensando nisso, e fiquei chateado com a constatação: a pobreza que nosso povo vem passando não é apenas a social, aquela onde o sujeito passa fome e outras necessidades.

A pobreza já chegou na alma. Sim, caros amigos, a nossa alma já está doente. O nome da doença é pobreza moral, isso mesmo o que você leu. O povo está sofrendo de uma peste que nem a educação conseguirá exterminar, pois a educação chega apenas até o cérebro e não na alma.

Os sujeitos estão dispostos a burlar tudo, como furar a fila. E não precisamos ir muito longe, as infrações de trânsito estão aí para nos fazer pensar. Ou então, a onde de sexo explícito que anda permeando os tubos de imagens das televisões.

O padre da minha paróquia ficaria feliz em ler isso, mas não é uma questão de religião apenas. É simplesmente a constatação de que os valores morais se alteraram ao longo dos tempos, nos fazendo entrar numa época em que tudo é permitido, como assaltar, matar, estuprar.

Nos tempos de hoje, siga o meu conselho: abra bem os teus olhos e não pisque, a não ser que dentro de sua carteira tenha apenas documentos...

 
 

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