HAVERÁ SEMPRE UMA FERIDA ABERTA
Karen Caroline Costa
 
 

Inocente era Mirela que nada tinha haver com cartas, com cartas tinha haver Douglas que sempre apostava, aposta tinha haver com Bruninho que as fazia com os amiguinhos da rua.

Rua tinha haver com Mirela que era prostituta que Douglas sustentava com o jogo e que era pai de Bruninho.

Este que cresceu achando que a mãe era dona de casa e o pai bombeiro (portanto seu herói).

Mirela conheceu Douglas no bar, Bruninho veio nove meses depois, sua avó materna que não conhecera estudou artes, o garoto aprendeu muitas coisas com a mãe, enxergava a mãe como Isís, a deusa super mãe da mitologia egípcia. E com motivos, apesar da profissão, se fosse necessário atravessaria rios, conheceria impérios, tudo para ressucitar o marido do jogo e tirar o filho das garras dos programas vespertinos da televisão brasileira da maioria dos canais abertos.

Quanto utopia, por parte de Mirela, será que todos sabem respectivamente de suas feridas?

Bruninho um dia irá crescer e terá haver com a ilusão de um parque de diversões, talvez virá a ser um publicitário que terá haver com rua.

Que terá haver com arte, que terá haver com sua mãe, que terá haver com a deusa Isís, que terá haver com Egito e com o culto à morte por motivo de sofrimento, acham que falir com a vida os leva a algum lugar melhor. Que terá haver com seu pai Douglas que enlouqueceu com o jogo, as cartas e a bebida.

 
 

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