MANIAS
Vic Low
 

Ela tem mania de falar pausadamente, em pequenos grupos de palavras, quando vai explicar alguma coisa - sobretudo se trata de uma explicação desnecessária ou inexistente.

Tem mania de estrelas e cor-de-rosa e bichos.

Mania de dizer que, o que quer que ela faça, não foi exatamente aquilo, mas algo completamente diferente e que significa exatamente a mesma coisa.

Tem mania de hipérboles, especialmente quando descobre uma nova "coisa que mais quero na vida".

Mania de dizer que não pode quando simplesmente não quer ou quando acha que a hora não é apropriada.

Tem mania de inventar grafias, pronúncias e vocábulos.

Ela tem mania de me pedir para não olhar para ela, como se fosse possível.

Mania de ser manhosa e conseguir o que quiser de mim.

Tem mania de resolver ser vegetariana ou algo no meio do caminho, sem se proibir um hambúrguer quando quer ganhar o brinde do lanche infantil.

Ela tem mania de comer cabelo, nozes, chocolate e meus braços. E de detestar dividir o que come com qualquer um.

Tem mania de trocar as bolas, as letras, as datas, as expressões e ditos populares, as fotos da internet, a posição da minha mão sob e sobre seu corpo.

Ela tem mania de me fazer os carinhos certos, quando percebe que eu estou cansado ou preocupado ou nervoso.

Mania de não querer demonstrar afeto em público mas passar brilho nos lábios o tempo todo e levá-los a cinco centímetros da minha boca.

Tem mania de morrer de sono quando eu quero agarrá-la e de que querer me agarrar quando... bem, quando eu quero agarrá-la também.

Ela tem mania de ser mais do que eu poderia querer.

E eu... eu tenho mania dela.

 
 

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