FUSÃO
Mylena Silva
 
 

Era o que pode-se chamar de profissional. Ele tinha talento, tinha garra, tinha nas mãos o que precisava para reger seu futuro. Um instrumento. Música. A música da alma, a música do coração.

A cada dia via-se que crescia por amar o que fazia. O som que saía do seu instrumento musical era algo que não se consegue narrar com palavras, só com sentimentos oscilantes entre a melodia e o silêncio das suas pausas.

No amor, era profissional, ou pode-se paradoxalmente dizer, um amador.

Procurava ali, sem ainda ter achado, o que já havia encontrado no som de seu piston. Muitas por ele passaram, muitas ele amou, muitas o deixaram, muitas ele deixou.

Muito ainda teria que ser deixado de lado para se viver um amor puro, único, sincero. Para que ele se abrisse ao amor como se abria ao som, como alguém que se entrega de verdade para que flua de dentro de si algo real e belo. Para que como o seu som, o seu sentir fosse algo mágico, envolvente e sólido.

O talento está dentro dele, dentro do seu coração de músico, sorte terá aquela a quem ele entregar seu amor e seu som. Será então a fusão, do talento com a sorte.

 
 

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