SAUDADE MAIS ESTRANHA
Jorge Costa Filho
 
 

A mais estranha saudade é a que sinto de você
Quando estou a teu lado;
É a que sinto de mim
Quando estou sozinho;
É a que sinto do beijo
Que lhe dou agora;
É a que sinto do tempo
Que eu estou vivendo...

A mais estranha saudade é a que sinto do futuro
Que eu não sei se virá;
É a que sinto dos lugares
Que eu não conheci;
É a que sinto dos aromas
Implícitos do cotidiano;
É a que sinto de tudo
Que se faz explícito aqui e agora...

A mais estranha saudade é a que sinto dos medos
Que me assaltam a cada instante;
É a que sinto das nuvens
Que nublam meu firmamento;
É a que sinto do sangue
Que flui em minhas veias;
É a que sinto das leis
Que nos castram e não se cumprem...

A mais estranha saudade é a que sinto do nada
Que revolve o meu pensamento;
É a que sinto da raiva
Da raiva que eu sinto;
É a que sinto da vida
Que eu bambo na corda;
É a que sinto dos sonhos
Perdido (eu) entre as nuvens...

A saudade mais estranha
Não hei de estranhar
Mas, hei de temer
E não a quero viver:
A saudade de sentir saudades.

 
 

fale com o autor