CADÊ O CARINHA DA LAMBRETA?
Karen Caroline Costa
 
 

Cássia e Maurinho se conheceram no colégio, tudo graças ao talento de Maurinho em pilotar a lambreta velha do pai.

Maurinho todo detraído obviamente não percebera que a irmã mais velha da colega de classe dava ré com o carro quando se chocou com o carro onde se encontrava Mayra e Cássia, para Maurinho aquele foi um momento único, a visão da mulher perfeita estava séria, preocupada, não tinha aqueles lances adolescentes de banalização do "eu te amo", não estava com aquela mochila cheia de trecos que ele tanto menosprezava, não estava preocupada em mostrar o decote, tinha um aroma materno, mas ao mesmo tempo lembrava a garota do filme meio "junk", meio intelectual demais, foi amor a primeira vista, para Maurinho claro.

Viraram amigos e Maurinho sempre tentando conquistá-la, mas claro o que uma quase psicóloga de 23 anos independente iria querer com um rapazinho de 16 anos que parecia usar um ninho de pássaro na cabeça?

O tempo passou Maurinho deixou a barba crescer, já com 21 anos estudando geologia foram morar juntos e aí as responsabilidades apareceram, ele como no sonho idealizado desde o começo por Cássia, com dois empregos, estudando muito engajado com sua área de atuação, e até na cozinha Maurinho atuava...

Estranha saudade, isso não saia mais da cabeça de Cássia, isto a perturbava dia e noite, noite e dia...

Ela já não conseguia mais aceitar, desejou tanto e lutou tanto para que Maurinho fosse o molde de perfeição que criara na cabeça, mas não dava mais, sentia muita saudade daquele moleque com o ninho na cabeça, daquele moleque que vivia caindo da lambreta, o que se atrasava quando ela ia busca-lo, do que não queria comer sushi preferia o hamburgão da esquina, não foi possível continuar com aquele adulto criado pela mente quase insana de uma psicóloga, a saudade nunca passou.

 
 

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