POLÍTICA: A ARTE DE PEDIR
Vanessa C. Vaz

É ano de eleição! Os políticos já começam a disputar no tapa seu voto. Ainda nem iniciou o período da campanha eleitoral, propriamente dita, mas ela já está nas ruas, ou melhor, na imprensa. Os que tentam a reeleição usam a máquina do governo para se autopromover. Outros, dão declarações na mídia, atacam adversários, defendem companheiros. Tudo em busca de seu voto.

Quando se inicia a campanha, propriamente dita, o político passa a pedir seu voto de maneira explícita e até inconveniente. Showmícios (comício com artistas), brindes são distribuídos, promessas jogadas aos montes, cartazes poluem a cidade... Tem o carro de som, que ao contrário dos vendedores que anunciam no alto-falante seus produtos, o carro toca aquele jingle do candidato, uma música que não diz nada, promete tudo e enche muito seu saco.

Tem também o horário de propaganda eleitoral gratuito, que quando começa , quase todo mundo desliga a TV. Os que se arriscam a assistir vêem imagens de pessoas felizes junto com promessas incumprívies apelando para o seu voto, como um outdoor apela para você comprar cigarro. Ou então, assistem os partidos menores atacando seus adversários, como se dissessem, se não fica comigo, também não fica com ninguém. Em ambos, é difícil ver propostas de governo. E o mais cômico de tudo, é que ao invés de chorar, rimos de alguns candidatos que pedem de forma ridícula nosso voto na TV.

Verdade seja dita, eleitor também pede. E pede muito. É um dinheiro para comprar remédio, um sapato, uma cesta básica... e assim o político compra o voto dos mais pobres, principalmente, no interior.

É bom lembrar que pedido é uma faca de dois gumes. Pois quando você pede e é beneficiado, é como se pegasse um empréstimo e ficasse devendo. Deve ser por isso que a palavra "pedido" é tão parecida com "perdido". Uma hora quem concedeu teu pedido vai te cobrar. Daí porque grande parte dos cargos do governo é de confiança, eles são a moeda de troca para os que apoiaram o político. É por isso também, que muitas leis são aprovadas no congresso em favor dos empresários e banqueiros, são eles que financiaram as campanhas. E o pobre, que já havia vendido seu voto, tem que esperar outra eleição para poder barganhar algo em troca de novo.

Aí começa tudo outra vez, como um ciclo vicioso. O político pede voto, o pobre pede algo e o povo todo perde. Continua o desemprego, a falta de estrutura, a precária saúde e a quase falida educação. Mas, nem todos perdem. Alguém ganha com tudo isso. O político, é claro, e o financiador da campanha, aquele para quem o candidato pede e depois deve.
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