PRA ESQUECER
Francisco Pascoal Pinto de Magalhães
 
 

Bebe pra esquecer.

Dela. Desde que os castelos de cartas e o amor ruíram descambou num sorvedouro insaciável. As cartas, Aquelas, jamais mentem. O feltro verde da mesa, o fumo dos charutos, a espreita dos parceiros, as noites... Apostou tudo e tudo perdeu. Perdeu-a nessa noite infame.

A rua vazia, os cães ladram e a corte desfila suntuosa. Pares e trincas em outras mãos.

As luzes piscam e iludem. Os dedos duros de frio coçam. Restam-lhe a bagana salva da enxurrada, a marquise, os parceiros de infortúnio e a garrafa pet.

Bebe para aquecer.